Estudante da Escola Dr. Manuel Ribeiro Ferreira em intercâmbio escolar, no âmbito do Projeto COMENIUS
O projeto COMENIUS é um “projeto criado por iniciativa da Comissão Europeia que visa melhorar a qualidade e reforçar a dimensão europeia da educação, desde o ensino pré-escolar até ao secundário, bem como dos estabelecimentos e organizações que oferecem esses mesmos níveis de ensino, de modo a atingir todos os intervenientes e agentes da atividade educativa.” Os seus objectivos passam por “desenvolver o conhecimento e sensibilizar os jovens e o pessoal educativo para a diversidade e para o valor das culturas e das línguas europeias e ajudar os jovens a adquirir as aptidões e as competências básicas de vida, necessárias ao seu desenvolvimento pessoal, à sua futura vida profissional e a uma cidadania europeia ativa.”
No âmbito deste projeto, a aluna do 11º A, Rakefet Shahar, passou os últimos três meses na Finlândia, uma experiência agora relatada na 1ª pessoa.
“Começo por dizer que, apesar de ser tudo o que possam descrever como fantástico, foi, simultaneamente, uma das experiências mais difíceis que vivi até ao momento. Acho que, de tudo o que aprendi nesta jornada, um dos pontos que mais me marcou foi aprender a estar longe da família. As saudades foram o sentimento mais doloroso. Ainda assim, passei os momentos mais felizes da minha (curta) vida ao mesmo tempo que cresci.
Conheci pessoas maravilhosas que me ensinaram a viver de outra forma e a ver o mundo com outros olhos. Com isto quero dizer que aprendi novos costumes, alguns deles bastante estranhos, como, por exemplo, o facto de se almoçar às onze horas da manhã ou o tirar os sapatos assim que chego a casa ou a uma sala de convívio. Aprendi a gostar de “salmiakki”, uma espécie de alcaçuz salgado que os finlandeses adoram, e que se constitui como uma honra da sua hospitalidade tanto que ficam ofendidos quando alguém diz mal da iguaria, apesar de no início saber mal. Aliás, o povo finlandês define-se por algumas particularidades: aprecia muito o silêncio, embora seja um povo muito sociável, a partir do momento em que sejamos nós a incentivar a conversa. Estranhamente, avaliam 60ºC numa sauna como uma temperatura baixa, mas acham que um verão de 25ºC de máxima é extremamente quente. São estes alguns dos hábitos com que me familiarizei durante os três meses de permanência numa casa finlandesa.
Esta experiência, que me permitiu frequentar uma escola daquele país, desvendou-me ainda outras culturas. Conheci gente italiana, francesa e croata com quem convivi todos os dias; para além disso conheci outros estudantes do intercâmbio provenientes da Holanda, Espanha, Checo-Eslováquia, entre outros, com quem ainda mantenho contacto. Passei, de facto, por aprendizagens muito positivas, como, por exemplo, ter aulas de arte, andar a cavalo, fazer canoagem, patinar no gelo...
Seja como for, a experiência, enriquecedora e inesquecível, também o é pelo lado das pessoas com quem convivi, que ajudaram a transformar as saudades da família em momentos marcantes e inesquecíveis.”
Rakefet Shahar